quarta-feira, 2 de abril de 2008

Paz nas relações da sociedade com a natureza


André De Campos

Chegamos a um momento da nossa trajetória de exploração e violação da natureza que a sua capacidade de existência e sobrevivência dá mostras de esgotamento e falibilidade, sendo urgente à necessidade de revermos a nossa maneira de interagirmos com o meio-ambiente natural, assumindo compromissos e adotando políticas responsáveis e equilibradas de desenvolvimento sócio-ambiental.
A manutenção dos processos ecológicos, da diversidade biológica e do meio físico, garantida pelo manejo cuidadoso dos recursos naturais, é uma conduta essencial em sociedades que desejam se tornar sustentáveis e desenvolvidas. Outra prioridade deve ser, a melhoria da qualidade e do alcance da educação, além, da reorientação de seus objetivos para reconhecer a importância do desenvolvimento sustentável. Promover esse modelo de desenvolvimento harmônico, de muita paz nas relações sócio-ambientais é uma das tarefas fundamentais da nossa época e, para realiza-la com êxito, é vital a educação em todas as suas modalidades, além da “revolução” radical das atitudes e comportamentos dos seres humanos. Essa mudança só poderá ser alcançada através da educação, da conscientização para a paz e da sensibilidade dos cidadãos, além de uma profunda transformação no modo de funcionamento da sociedade, reestruturando a produção e o consumo para satisfazer as necessidades básicas de todos, de forma ecologicamente responsável. É necessário reduzir as disparidades entre os ricos e pobres; uma riqueza inimaginável em um extremo e, em outro, uma pobreza desesperante. É preciso moderar o crescimento demográfico e, urgentemente eliminar as práticas que deterioram o meio-ambiente. Essas medidas não apenas exigem uma ação prática, mas também mudanças fundamentais na percepção e nos valores, isto é, uma renovação cultural que permita à sociedade enfrentar o maior desafio do século XXI: desenvolvimento sócio-econômico-ambiental, sustentável, através de relações harmônicas e pacíficas.
Sabemos que estamos inseridos em um modelo econômico-quantitativo, fundado nas tecnologias nucleares, na hiper-concentração urbana, no domínio do poder econômico sobre as representações da cidadania, no poder monopolista dos meios de comunicação, na fragilidade das políticas de preservação ambiental e de saúde pública. As conseqüências desse modelo são o desemprego e a exclusão, o desperdício, o egoísmo, a alienação, o extermínio de espécies e culturas, a fragilização dos ecossistemas, a proliferação de pragas e epidemias, o êxodo rural, a crise urbana e a generalização e a banalização da violência.
Economizar, preservar, reciclar: eis aí três regras fundamentais para quem se dispõe a lutar pelos direitos das gerações futuras. É com elas que cada um poderá dizer não à montanha de plásticos, à enxurrada de aditivos, ao desperdício de oxigênio, de água, de energia, ao consumo supérfluo e desregrado. O consumidor (todos nós) tem hoje um poder colossal de frear essa corrida, exigir correções de rumo e, assim, evitar o envenenamento do ar, da água, dos alimentos, dos animais – enfim, da vida no planeta.
Infelizmente, o impacto conjunto das ações sociais sobre o meio já toma uma dimensão que compromete o equilíbrio do planeta. Uma série de problemas sócio-ambientais-globais denuncia a fragilidade da autonomia conquistada e a falência de um modelo de desenvolvimento, que se mostra insustentável.
O que está em jogo é a viabilidade do nosso planeta, portanto, a nossa responsabilidade ética e moral com as futuras gerações é de importância primordial.

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