terça-feira, 26 de agosto de 2008

Rússia pode reinstalar bases militares em Cuba e no Vietnã

As bases do exército russo em Cuba ainda poderão tornar-se realidade. O General-Coronel Leonid Ivashov, presidente da Academia de Ciências Geopolíticas, declarou nesta segunda-feira (25) que a recuperação da presença militar russa em Cuba poderá tornar-se uma resposta real ao aumento em curso da pressão militar e política dos Estados Unidos sobre a Rússia.
"É segredo conhecido por todos que o Ocidente, nos anos recentes, vem estabelecendo uma zona-tampão ao redor da Rússia, envolvendo, nesse processo, estados europeus e bálticos, a Ucrânia e o Cáucaso. A expansão da presença militar russa no exterior, particularmente em Cuba, poderá tornar-se uma resposta às atividades lideradas pelos Estados Unidos," afirmou Ivashov, de acordo com a agência RIA Novosti.

Nikolai Patrushev, secretário do Conselho de Segurança da Federação Russa, fez uma visita de trabalho a Cuba em fins de de julho e teve reuniões com ministros cubanos a respeito de defesa e assuntos internos.
Leonid Ivashov disse que a visita de Patrushev à Ilha foi feita para discutir as formas da possível presença militar da Rússia na ilha.

"Há baías convenientes para receber barcos de reconhecimento e encouraçados e uma rede dos, assim chamados, "postos avançados de ação temporária" em Cuba. Podemos retomar o funcionamento do centro de radar em Lourdes ao ser dado o 'de acordo' da administração cubana. Para tanto será necessário, todavia, embarque de novo equipamento de radar," disse Ivashov.
O oficial enfatizou também a importância de a administração russa modernizar um centro de suporte técnico para vasos da Marinha Russa no porto de Tartus na Síria.
Por fim, Ivashov não descartou a possibilidade de retomar negociações com o Vietnã a propósito da possibilidade de a Rússia localizar seus navios de combate no porto de Cam Ranh.
Leonid Ivashov presidiu o departamento de cooperação internacional de defesa do Ministério da Defesa da Rússia em 1996-2001.
O ex-comandante da Marinha da Rússia no Mar Negro, Eduard Baltin, também disse que há bases convenientes em Cuba, onde navios russos poderiam ficar atracados. "Tecnicamente é possível, embora não haja, no presente, necessidade estratégica," disse o almirante.
O centro russo de intercepção de rádio operou em Cuba até 2002. O centro era chamado oficialmente de Centro Eletrônico Russo em Lourdes. Permitia interceptar dados transmitidos de satélites de comunicação dos Estados Unidos, de cabos de telecomunicação baseados em terra e até mensagens do centro da NASA na Flórida.
A base foi fechada em outubro de 2001. O aluguel anual pelo uso da base em Lourdes era, acredita-se, de US$ 200 milhões.

A maior base da Marinha da Rússia no exterior foi fechada em 2002. O acordo entre a Rússia e o Vietnã em 1981 estipulava o uso de dois ancoradouros para couraçados e submarinos russos, cerca de 30 armazéns e uma pista para todos os tipos de avião.

Cam Ranh desempenhava papel fundamental nos planos da Marinha Russa, porque era a única base capaz de proporcionar a presença de vasos russos no Oceano Índico e na área do Golfo Pérsico. O aluguel anual era estimado em US$ 300 milhões.
O centro de suporte técnico da Marinha Russa em Tartus, na Síria, ainda funciona, sem ônus.
Portal Pravda

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Altamiro Borges: Yeda Crusius e o inferno tucano

O PSDB, partido do ex-príncipe FHC e dos presidenciáveis José Serra a Aécio Neves, atravessa um dos piores momentos dos seus 20 anos de vida, completados em junho último. O seu inferno astral se estende por todo o país. Dois governadores tucanos, de Alagoas e da Paraíba, correm o risco de perder seus mandatos, metidos em corrupção e crises. Em São Paulo, o partido chafurda no escândalo da Alstom, multinacional que deu R$ 15 milhões em propina em troca de contratos bilionários com as estatais – e que acaba de fechar nova negociata no valor de R$ 706 milhões.

por Altamiro Borges*
A crise existencial da social-democracia tupiniquim é abissal e enterrou de vez o cínico discurso da ética. Como reflexo, o PSDB se apresenta para as decisivas eleições municipais de 2008 mais desidratado. Disputará o pleito apenas em 11 capitais e, na maioria delas, sem chances de vitória. Para piorar, os neoliberais tucanos romperam a sua aliança histórica com os oligarcas do ex-PFL. Na estratégica capital paulista, o partido está fraturado, numa briga fratricida entre José Serra, que apóia o candidato do demo, e o seu carma Geraldo Alckmin, adorador do Opus Dei.

O mensalão do PSDB gaúcho

A mídia hegemônica, porém, tem prestado um excelente serviço aos tucanos – talvez saudosa das privatarias do passado. Ela blinda o PSDB, evitando falar das crises e falcatruas deste partido. Os mais poupados são os governadores José Serra e Aécio Neves, reservas estratégicas da burguesia para a disputa presidencial de 2010. O único caso gritante que não conseguiu esconder, apesar das tentativas, é o do Rio Grande Sul. Neste importante estado da federação, as feridas estão abertas e os podres vêem à tona. Hoje, a governadora Yeda Crusius é o principal elo fraco dos tucanos.

Há meses, ela sangra e mancha a falsa imagem do PSDB. Mas a governadora, que mais se parece uma aristocrata inglesa, mantém-se arrogante e esbanja inabilidade. No início do purgatório, seu governo foi acusado de desviar R$ 44 milhões do Detran para montar o famoso mensalão da sua base parlamentar. Ela negou, mas conversas gravadas entre seu vice, Paulo Feijó, e seu chefe da Casa Civil, Cezar Busatto, confirmou o esquema ilícito. Desmascarada, ela disse desconhecer a sujeira e repassou a responsabilidade aos seus auxiliares diretos, exonerando quatro secretários.

Agora, porém, é o empresário Lair Ferst, coordenador da campanha de Yeda Crusius em 2006, que afirma com todas as letras que ela participou ativamente do esquema de corrupção. Réu na ação criminal, junto com outras 39 pessoas, pelos desvios do Detran, ele garante: “É público e notório que houve o envolvimento da governadora neste processo”. Antes ele havia negado a relação promíscua porque “não achava conveniente servir de munição para a oposição”. Mas, abandonado, ele resolveu falar, o que pode causar a abertura do processo de impeachment.

A suspeita mansão da governadora

Outro caso grotesco afeta ainda mais a ex-vedete tucana. A oposição pediu ao Ministério Público Federal a investigação da compra de uma luxuosa mansão num bairro nobre de Porto Alegre. Há suspeitas de que parte do dinheiro desviado do Detran teria sido usado para a aquisição do novo imóvel, que custou R$ 750 mil, valor bem superior ao patrimônio declarado por Yeda Crusius na Justiça Eleitoral. Diante da grave acusação, ela alegou que adquiriu a mansão com o dinheiro da venda de dois apartamentos, avaliados em R$ 35 mil e R$ 218 mil, e de um carro. Mas a oposição já descobriu que a desculpa é falsa, já que um dos imóveis está penhorado e não pode ser vendido.

Diante de tantos descalabros, que nem a mídia venal consegue esconder, a governadora mantém o velho estilo tucano, fingindo-se de morta. Ela conta com a maioria na Assembléia Legislativa e com a ajuda de alguns jornalistas – também acusados de envolvimento no escândalo do Detran – para abafar as denúncias. Numa prova de total inabilidade, que deve irritar tucanos mais marotos, ela ainda enviou à Assembléia Legislativa pedido de reajuste de 143% nos seus rendimentos, que passariam de R$ 7,1 mil para R$ 17,3 mil mensais. Na mesma semana, ela viajou a Brasília para se contrapor ao piso nacional de R$ 950 dos professores proposto pelo governo federal e aprovado na Câmara de Deputados. Se depender de Yeda Crusius, o inferno astral do PSDB não terá fim.

*Altamiro Borges é jornalista