quarta-feira, 16 de abril de 2008

Projetos Políticos Opostos

André De Campos


Nas últimas décadas, em especial nos últimos três processos eleitorais, têm-se observado uma bipolarização “ideológica” em relação ao eleitorado caxiense, protagonizando disputas acirradas entre dois campos políticos oponentes, numa grande demonstração de maturidade e conscientização política.
À díade “esquerda e direita” não vem sendo tão utilizada em virtude da deturpação ideológica encontrada no cenário político brasileiro, mas para o cenário caxiense, eu faço questão de utiliza-la, porque percebo a distinção entre os partidos e projetos que constituem esse cenário; ela se torna perceptível até para um leigo.
As eleições municipais se aproximam e o grande debate será travado entre dois projetos político-ideológicos totalmente diferenciados, que ao longo do processo eleitoral serão apresentados para os eleitores caxienses.
Um projeto representa o campo conservador, reacionário e elitista – mesmo com uma composição superior a dez partidos – mantêm o perfil de centro-direita e uma prática política patrimonialista, assistencialista e personalista. Esse projeto é antidemocrático uma vez que vêm esvaziando o debate e a participação popular na versão do orçamento “comunitário”, centralizando as decisões e os recursos – que por sinal não são poucos - Caxias nunca recebeu tantos recursos do Governo Federal como agora, fato inédito.
Um projeto antipopular, que desestimula a organização da sociedade, à autonomia e a pluralidade das organizações e dos movimentos sociais, uma vez que o mesmo não possui conteúdo programático, e sim conteúdo fisiológico, carguista e eleitoreiro. As decisões e diretrizes do governo municipal são unilaterais e verticalizadas (de cima para baixo), contribuindo para um grande distanciamento das massas populares em relação à gestão, que deveria ser pública.
Em contrapartida, o outro projeto que se apresenta é diametralmente antagônico, porque representa o campo político-ideológico popular, democrático e progressista, onde as forças populares são protagonistas, não coadjuvantes e, portanto são responsáveis pelas diretrizes e rumos do governo.
Um projeto estruturado horizontalmente, com a participação popular, em defesa da radicalização e do aperfeiçoamento da democracia participativa e da construção de uma sociedade mais humana, socialmente justa, igualitária e solidária. Projeto esse, comprometido com um desenvolvimento sustentável e equilibrado, com a inclusão social, com a diversidade étnico-artística-cultural, que defende a mais profunda democratização social, a pluralidade de idéias, a igualdade de gênero, racial e de oportunidades. Projeto transformador e revolucionário em termos de gestão e participação política, cidadania ampla e democrática, um projeto de esquerda.
Esquerda e direita não indicam apenas ideologias, representam programas contrapostos com relação a diversos problemas cuja solução pertence habitualmente à ação política, contrastes não só de idéias, mas também de interesses e de valorações a respeito da direção a ser seguida pela sociedade.
Segundo o pensador político italiano Norberto Bobbio, (...) as expressões direita e esquerda continuam a ter pleno curso na linguagem política. Todos os que as empregam não dão nenhuma impressão de usar palavras irrefletidas, pois se entendem muito bem entre si (...) A diferença entre direita e esquerda revela-se no fato de que, para a pessoa de esquerda, a igualdade é a regra e a desigualdade, a exceção. Disso se segue que, para essa pessoa, qualquer forma de desigualdade precisa ser de algum modo justificada, ao passo que, para a pessoa de direita, vale exatamente o contrário, ou seja, que a desigualdade é a regra e que, se alguma relação de igualdade deve ser acolhida, ela precisa ser devidamente justificada. A regra da esquerda é a inclusão, salvo exceções, e a regra da direita é a exclusão, salvo exceções. Para Bobbio, um governo de direita, embora respeitando as regras democráticas, consente ou promove uma política menos igualitária.
Para mim a diferença entre os dois projetos é expressiva e muito distante. Um simboliza o conservadorismo-elitista, já o outro, o avanço na construção de uma sociedade e uma cidade mais justa, participativa e democrática.

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