quarta-feira, 30 de abril de 2008

O SENADO CONDENADO

André De Campos

O Senado brasileiro, instituição legislativa criada pela Constituição Imperial de 1824, deu mais uma demonstração de que não merece o mínimo respeito por parte da população brasileira. À novela do Senado (Falcatruas) exibida em horário nobre diariamente durante os últimos meses teve um “final feliz”. O protagonista da novela, Renan Calheiros, interpretando seu papel com enorme destreza e realismo (o de um político suspeito) não morreu e não foi cassado, ao contrário foi absolvido pelos seus pecados. No elenco coadjuvante a “mocinha-indefesa e virgem” interpretada pela Mônica (amante do vilão e capa da Playboy), que também se deu bem apesar de não ter encerrado à novela ao lado do seu amado. Ela vai continuar engordando sua conta bancária com a venda dos exemplares da revista e ele usufruindo benefícios incontáveis além de um polpudo e gorduroso salário de senador-marajá, pago pelo contribuinte (assalariado) brasileiro. E o que é pior. O Conselho de Ética absolveu Renan de dois processos numa só vez. Mas que ética é essa? Mais um exemplo do que não se deve fazer na vida pública. Qual será a próxima novela? Deve começar em breve. Aguardem...
Comprovadamente o Senado não é uma instituição séria, pelo contrário, é ociosa (na medida em que projetos e emendas constitucionais estão atravancadas, paralisadas) é onerosa (senadores desfrutando de todo conforto, luxo e mordomias) e corporativa (quando o que predomina são os interesses da classe política em detrimento das demandas e necessidades das classes menos favorecidas), enfim, uma instituição verdadeiramente inoperante, ineficaz e inescrupulosa. Isso não é de agora, nós sabemos muito bem que o cenário político brasileiro sempre foi perverso; o jogo do empurra-empurra, o balcão de negócios, o toma lá dá cá, as cartas marcadas, são características desse cenário. Um episódio abafa o outro e a população não se dá conta ou assiste a tudo imobilizada.
Cada vez fico mais convicto de que o Senado não precisaria existir no Brasil, uma vez que já possuímos um poder legislativo em Brasília, que é a Câmara dos Deputados e as matérias importantes para a população brasileira poderiam entrar em vigor com muito mais agilidade. Hoje o Senado é muito mais um órgão consultivo do que legislativo e isso pode muito bem ser realizado por uma Comissão Consultiva da própria Câmara. Não há nada que o Senado faça, que a Câmara dos Deputados não faça. Quanto o governo não economizaria?
Segundo o artigo do matemático e diretor da Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo, “levantamento recente demonstra que o Senado é a Casa Legislativa mais cara por membro entre doze países pesquisados: a manutenção do Senado custa R$ 33,1 milhões por mandato de seus 81 integrantes. Esse dinheiro não vai todo diretamente para cada senador, mas paga uma estrutura que inclui funcionários, gráfica, TV, rádio, jornal e outros serviços basicamente voltados para a autopromoção dos senadores”. Quanto desperdício! Quanto dinheiro jogado fora!
Mergulhados em ema crise política, ética e moral, os nossos “ilustres” senadores cada vez mais aprofundam o descrédito e a desconfiança por parte dos cidadãos brasileiros que gostariam de ver outro final para essa novela de falcatruas, onde o vilão fosse punido, até para servir de exemplo há uma sociedade tão empobrecida de valores e de respeito.

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