quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Precisamos de PAZ

Precisamos de paz
a questão é urgente
desejamos a paz
para um mundo decente.
Precisamos de paz
eis o nosso compromisso
desejamos a paz
então não seja omisso.
Precisamos de paz
essa é a solução
desejamos a paz
dê a sua colaboração.
Precisamos de paz
esse é o ponto de partida
desejamos a paz
essa é a única saída.
Precisamos de paz
respeito e solidariedade
desejamos a paz
muito amor e amizade.
Precisamos de paz
justiça e honestidade
desejamos a paz
com relações de igualdade.
Precisamos de paz
paz no coração e na mente
desejamos a paz
para que o mundo se sustente.
Precisamos de paz
por isso faça a sua parte
desejamos a paz
eis o nosso estandarte.
Precisamos de paz
para transformar a realidade
desejamos apaz
isso é responsabilidade.
Professor André De Campos

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Chávez tem apoio do Irã a programas habitacionais venezuelanos

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, concluiu nesta quarta-feira (20) sua visita ao Irã, e segue para a Síria, sua quinta parada na viagem internacional pela Europa, Ásia e África.

A agenda do Chefe de Estado em solo persa incluiu visita a complexo habitacional, onde conhecerá experiências de políticas na área. Uma das prioridades do governo venezuelano é acelerar a construção de moradias em benefício dos setores populares, por isso essa visita é particularmente importante para o presidente.

O Irã apóia o país sul-americano na construção de habitações, e ratificou sua disposição em potencializar este apoio. Chávez também planeja passar pela cidade sagrada de Mashhad, que já visitou anteriormente. Fontes de ambos os países mencionaram uma provável reunião entre o estadista venezuelano e o líder da Revolução Islâmica, Ali Khamenei.

Depois de Teerã, Chávez continuará sua viagem à Síria, onde vai assinar pelo menos quatro acordos em matéria aduaneira e de transportes.

Em Damasco, Chavez debaterá também o seu interesse em envolver a Síria como observadora da Alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba).

A viagem continuará com paradas na Líbia, Argélia e Portugal. Chávez já passou pela Rússia, Bielorrússia e Ucrânia.

Fonte: Prensa Latina
Tradução: Luana Bonone

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Conselho Mundial da Paz pedirá a dissolução da Otan

O secretariado do Conselho Mundial da Paz, presidido pela ativista brasileira Socorro Gomes, reune-se nesta sexta-feira (8) em Bruxelas, capital da Bélgica, para avaliar os últimos acontecimentos no mundo, os mais recentes desafios da luta pela paz e também para avaliar a próxima cúpula do Pacto Militar do Atlântico Norte, a Otan, que será realizada em Lisboa no mês de novembro.

Além desses temas, a reunião iniciada nesta sexta também se debruçará sobre a questão das bases americanas ao redor do mundo e, principalmente, sua instalação em território colombiano. Para Socorro Gomes, "é preciso analisar os últimos acontecimentos no mundo, os novos alvos da política dos Estados Unidos no Afeganistão, no Paquistão e, recentemente, no Iêmen".

"A paz, hoje, está mais ameaçada que no fim da Guerra Fria, porque o imperialismo dá sequência a seus planos inaugurados na nova concepção da Otan, de 1991, que colocava o pacto militar como essencial para a defesa da Europa, defendia a militarização do continente europeu e agora procura atingir uma maior unidade entre os Estados Unidos e a União Europeia", afirma Socorro.

Conforme a ativista brasileira, a Otan é um instrumento do imperialismo americano, já que os Estados Unidos detêm o comando principal e vários postos importantes dentro da hierarquia do pacto militar.

A Otan foi criada em 1949 como um instrumento militar de ameaça à União Soviética e aos estados da Europa Oriental, recém libertados do capitalismo, que procuravam trilhar o caminho do socialismo. Em resposta, os socialistas criaram a Organização do Tratado de Varsóvia, tratada pejorativamente de Pacto de Varsóvia pela mídia ocidental.

Com o colapso da União Soviética e seus aliados na Europa, a Otan deixa de ter um pretexto para seguir existindo. "A Otan é uma arma de guerra que serve para agredir povos e nações. Sua política é manter-se como braço armado a favor do saque das riquezas naturais dos países agredidos, para garantir a hegemonia americana", relata Socorro.

"A cúpula da organização, a ser realizada em novembro, em Portugal, deverá aprofundar o debate sobre o papel de "polícia" da organização ao redor do mundo", agrega Socorro.

O Conselho Mundial da Paz, além de discutir questões abrangentes para a paz mundial, também proporá o desmantelamento do pacto militar do Atlântico Norte, algo que é essencial para a paz", finaliza Socorro.

Leia abaixo o "Apelo contra a Otan e a realização de sua cúpula em Portugal", feito pelo CMP e pela sua organização correspondente em Portugal:

O Conselho Mundial da Paz (CMP) e o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) saúdam as pessoas amantes da paz em todo o mundo e os movimentos da paz que lutam e continuam a denunciar as guerras imperialistas, as ocupações ilegais e a injustiça social, e apelam para que prossigam e fortaleçam os esforços e lutas comuns contra o imperialismo e os seus aparelhos, principalmente a Otan, a maior máquina de guerra no mundo.


O CMP denuncia perante os povos do mundo os crimes cometidos pela Otan, e que continua a cometer, contra a Humanidade sob o pretexto de proteger os “direitos humanos” e a luta contra o “terrorismo”, segundo a sua própria interpretação.


Desde a sua fundação em 1949, a Otan tem sido uma organização ofensiva. Após 1991, com a sua nova doutrina militar, tornou-se o “xerife” dos interesses imperialistas no mundo. Esteve muitas vezes ligada a regimes sangrentos e ditatoriais, forças reacionárias e juntas militares. Participou ativamente no desmembramento da Iugoslávia, no bombardeamento bárbaro da Sérvia durante 78 dias, na derrubada de governos por meio “revoluções laranja”, na ocupação do Afeganistão.


A Otan prossegue os seus planos para o “Grande Oriente Médio”, alargando o seu campo de ação através da “Parceria para a Paz” e a “cooperação especial” na Ásia e América Latina, no Oriente Médio, Norte de África, bem como o “Exército Europeu”.


Todos os governos dos países membros partilham responsabilidades na Otan, independentemente do papel dirigente da administração dos EUA. Quaisquer abordagens diferentes sobre algumas matérias apenas refletem pontos de vista e rivalidades próprias, mas levam sempre a um confronto agressivo conjunto contra os povos.


Condenamos a política da União Europeia, que coincide com a da Otan, e o Tratado de Lisboa, que anda de mãos dadas nos aspectos políticos e militares. Os gastos militares da UE com as missões no estrangeiro aumentou entre 2002 e 2009 de 30 milhões de euros para 300 milhões de euros.


Os povos e as forças amantes da paz em todo o mundo não aceitam a Otan e o seu papel de “xerife” do mundo. Rejeitam qualquer tentativa de incorporar a Otan no sistema das Nações Unidas. Exigem a dissolução desta máquina de guerra ofensiva. Até o falso pretexto da Organizaão do Tratado de Varsóvia já não existe hoje.


O Conselho Mundial da Paz e os seus membros e amigos irão organizar em dezenas de países várias iniciativas nacionais e internacionais contra a Otan e o seu novo conceito estratégico, que se anuncia será aprovado na próxima cúpula em Portugal. Iremos organizar, conjuntamente com o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), iniciativas e conferências em Portugal e ações de massas antes e durante os dias da cúpula da Otan em Lisboa (novembro de 2010).


Sob o lema : DISSOLVER a Otan, Inimiga dos Povos e da Paz! o CMP apela a todas as organizações nos países membros da Otan e em todo o mundo para que apoiem este apelo, sublinhando os seguintes aspectos:


A Otan tem sido uma força agressiva e reaccionária desde a sua fundação em 1949. O Tratado de Varsóvia foi criado depois e dissolvido antes.


A Otan tem as suas mãos tingidas com o sangue de muitos povos durante 60 anos e não pode constituir “uma força da paz” no quadro da ONU.


Apesar do domínio dos EUA, as agressões são levadas a cabo em conjunto com outras forças imperialistas, o que não muda o caráter da Otan.


A Otan está diretamente ligada à UE e vice-versa, já que um grande número de países da UE são igualmente membros da Otan, bem como através das tendências militaristas e obrigações contidas no “Tratado de Lisboa”.


Todos os governos dos países membros da Otan são responsáveis pela sua ação; eles apoiam os seus planos imperialistas.


A Guerra da Otan contra a Iugoslávia em 1999 foi um marco para um novo dogma durante a cúpula em Washington em 1999. Ficou então claro que a União Europeia nunca foi um “contrapeso democrático” aos EUA.


A Otan age como uma polícia global com colaboradores em todos os continentes, executando o seu plano de um “Grande Oriente Médio” e intervindo ativamente no Leste Europeu, no Cáucaso, e noutros lugares.


Nós apoiamos totalmente e subscrevemos a campanha em Portugal “Paz sim, Otan não” que congrega dezenas de movimentos e organizações sociais. Apelamos a todas as organizações amantes da paz para juntarem as suas vozes e forças neste apelo e para se encontrarem em novembro de 2010, em Lisboa.

WWW.vermelho.org.br
Da redação, com informações do CMP

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Farrapos humanos
André De Campos
As estâncias do poder sulino
em confronto com o Império,
interesses econômicos, terras e charque
em detrimento do verdadeiro gaudério.
Falsas promessas para negros e peões,
que engrossaram pelotões em busca da liberdade,
quando na verdade, se submeteram
a rituais de crueldade.
Coronéis e generais,
homens de propriedade, status e autoridade,
trataram exclusivamente dos seus negócios
e sonegaram o respeito aos que lhe mantinham lealdade,
e foram exterminados sem qualquer piedade.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Brasil se aproxima de ser a 7ª maior economia do mundo

Embora tenha quebrado o ritmo de avanço da economia brasileira, a crise global de 2008 ajudou o país a subir duas posições entre os maiores Produtos Internos Brutos (PIB) do mundo, de décimo em 2007 para oitavo lugar no ano passado.Estimativas recentes da Bloomberg apontam que a soma das riquezas geradas em território nacional entre o segundo trimestre de 2009 e o primeiro de 2010 atingiu US$ 1,8 trilhão, deixando a Espanha mais para trás e se aproximando da Itália, a sétima colocada. De acordo com economistas, o Brasil se favoreceu de uma retração dos "rivais", da valorização do câmbio e precisar superar desafios antes de se consolidar no grupo das sete maiores economias do mundo. Segundo números do Banco Mundial, o país galgou uma posição em 2008 ao ultrapassar o Canadá e outra em 2009, quando a Espanha viu o seu PIB retrair de US$ 1,60 trilhão para US$ 1,46 trilhão. Se o país ibérico tivesse apenas mantido a atividade econômica, ainda estaria à frente do Brasil, que somou US$ 1,57 trilhão em 2009.Enquanto isso, os Estados Unidos mantêm a ponta com a mesma folga dos anos anteriores. Com US$ 14,25 trilhões, a maior economia do mundo tem PIB quase três vezes maior que o segundo colocado (Japão, com US$ 5 trilhões). Mesmo com a crise, o Brasil viu a distância dos EUA aumentar em 2% entre 2007 e 2009. Em igual período, apenas a China conseguiu reduzir substancialmente a diferença ante a economia americana, com alta de US$ 3,38 trilhões para US$ 4,90 trilhões. Um estudo da consultoria PricewaterhouseCoopers já apontou que o Brasil deve ser a 5ª maior economia do mundo em 20 anos, acompanhando o avanço dos países emergentes. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, essa posição já pode ser alcançada na próxima década.
Da Redação, com informações do Terra

domingo, 4 de julho de 2010

Investimentos do governo batem recorde com Lula

Ainda distantes das metas oficiais e das necessidades da produção nacional, os investimentos do governo Luiz Inácio Lula da Silva fecharam o primeiro semestre do ano no maior patamar desde o restabelecimento das eleições presidenciais no país. Dados ainda preliminares indicam que, ao longo dos últimos 12 meses, esses investimentos, sem contar as das empresas estatais, somaram R$ 42 bilhões, ou 1,25% do Produto Interno Bruto, ou seja, de tudo o que o país consumiu e investiu no período.
As cinco eleições presidenciais anteriores foram disputadas com taxas de investimento inferiores a 1% do PIB, com exceção do pleito de 1994, em pleno lançamento do Plano Real -quando a troca da moeda e o fim repentino da hiperinflação distorceram as estatísticas.

Desde o PAC

Os investimentos vinham em alta gradual desde o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), concebido como prioridade do segundo mandato de Lula e bandeira de sua candidata, Dilma Rousseff.

O que explica o recorde, porém, é um salto repentino de quase 60% nos primeiros seis meses deste ano, na comparação com o primeiro semestre de 2009.

Abertura, ampliação e conservação de rodovias, obras de saneamento básico e de urbanização de favelas compõem a maior fatia das despesas, além de um contrato firmado em acordo militar com a França para a construção de quatro submarinos convencionais e um de propulsão nuclear. Um terço dos recursos é repassado a governadores e prefeitos.

Mesmo em somas inéditas desde a redemocratização do país, os investimentos federais ainda têm mais peso político que econômico. Tanto o governo como o país investem pouco para os padrões internacionais, e o PAC ainda não conseguiu cumprir a meta de impulsionar a elevação do investimento nacional à casa de 25% do PIB - são 18% hoje.

Durante o "milagre econômico" da ditadura militar, obras a cargo dos cofres da União ficavam, na média, em 1,8% do PIB, taxa nunca mais repetida após a crise do endividamento externo, nos anos 80, que sepultou a era do crescimento econômico puxado pela ação do Estado.

Segundo diagnóstico quase consensual entre os analistas, o Brasil precisa elevar sua taxa de investimento para sustentar o atual crescimento acelerado. Do contrário, a produção não será suficiente para acompanhar o consumo, provocando alta da inflação e das importações.

Contenção

Economista da consultoria Tendências, Felipe Salto avalia que neste início de ano o governo decidiu conter os gastos em custeio para abrir mais as torneiras dos investimentos. Em sua opinião, porém, esse ritmo não é sustentável, já que no segundo semestre o governo terá de bancar despesas que estão temporariamente bloqueadas. Isso deve levar a uma redução no ritmo de investimentos e a um aumento no de despesas de caráter permanente.

Segundo ele, os últimos dados já indicam isso. Enquanto em janeiro os investimentos cresceram quase 100% em relação ao mesmo mês de 2009, em maio esse crescimento caiu para 50%.

A equipe de Lula diz que o avanço no ritmo de investimentos não se deve ao período eleitoral. Segundo o ministro Paulo Bernardo (Planejamento), o governo em seu segundo mandato foi reaprendendo a investir e, agora, está colhendo os frutos desse trabalho.

"O Estado ficou quase 20 anos praticamente sem investir. Tudo era voltado para o controle. Mudamos essa lógica", diz Paulo Bernardo.

Da redação, com Folha de S. Paulo

sexta-feira, 2 de abril de 2010

TRABALHADORES DA TERRA
André De Campos
O suor no rosto,
as mãos calejadas
peleando, lutando,
com bandeiras e enxadas;
Todos unidos marchando,
homens, mulheres, crianças,
o sonho vão alimentando,
carregam consigo a esperança;
Trabalhadores do campo,
trabalhadores da terra,
despojados do campo,
expropriados da terra;
A terra o grande problema,
a velha estrutura fundiária,
a terra o grande dilema,
pra sempre REFORMA AGRÁRIA;
Marginalizados pelo sistema,
esse sistema demente,
mesmo assim segue marchando,
até que a esperança sustente.
ESMOLA
André De Campos
Esmola na porta da escola,
lixo fora da lixeira,
pessoas atordoadas,
fumaça, insetos, sujeira;
Jovens caminham sem rumo,
não sabem, não param para pensar,
iludidos pelas imagens, fantasias,
não conseguem raciocinar;
Esmola na porta do banco,
o grande templo sagrado,
idolatrado, santificado,
que mantém o homem explorado;
Esmola na porta da igreja,
a grande surpresa, um tesouro,
a fome na porta da igreja,
migalhas numa bandeja de ouro;
Esmola para um pobre coitado,
alijado pelo sistema,
sem comida, sem abrigo,
não faz parte do esquema;
Esmola para o trabalhador,
que votou no senador,
e não foi atendido, miserável,
mais uma vez iludido;
Esmola para os brasileiros,
cansados, explorados, maltratados,
emolas da pátria amada,
qua há muito vem sendo roubada.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O Haiti antes e depois da tragédia. E os "iluminados" dos EUA

Certas coisas que nos atormentam tornam-se menores, até insignificantes, diante de uma tragédia como a que golpeou o povo haitiano. Acompanhamos o quadro chocante também por estarmos mais próximos desse país graças ao papel relevante do Brasil na força de paz da ONU, onde são elevadas nossas baixas – ainda que seja bem mais dramático o custo em vidas humanas dos próprios haitianos.
Por Argemiro Ferreira, em seu blog A morte da dra. Zilda Arns emocionou o Brasil por sua história de vida e pelo trabalho humanitário ao longo de muito tempo. Nas últimas horas o secretário geral Ban Ki-Moon confirmou as mortes do tunisino Hedi Annabi, representante especial da ONU no Haiti, e de seu adjunto e número dois à frente da missão, Luiz Carlos da Costa, um dos brasileiros mais graduados e experientes nos quadros da ONU.Os dois estavam familiarizados com as missões em pontos conturbados do mundo. Antes cabia a Da Costa (como era chamado) na sede de Nova York planejar cada uma delas conforme a situação específica do país, criando os cargos e escolhendo, dentro ou fora da ONU, pessoas capazes para ocupá-los. O desaparecimento dele no dia do terremoto já levara o secretário geral a nomear, para o lugar de Annabi, Edmond Mulet, que o antecedera.O nível dos três no quadro é de secretário geral assistente. Curiosamente, nos últimos dias emails estavam sendo disparados por um grupo político no Brasil com ataques levianos à missão de estabilização no Haiti, Minustah – criticada como ineficaz e inoperante. Na verdade, seus prédios tinham sido destruídos no terremoto e suas autoridades maiores, Annabi e Da Costa, já estavam mortos.Como Peter Sellers em Being ThereConvivi alguns anos no prédio da ONU com gente dedicada que serve em tais missões. A jornalista brasileira Sonia Nolasco, esteve em Timor Leste e depois no Haiti. Já não estava lá no dia do terremoto. Em resposta a um email, explicou: “Por acaso estou aqui em Nova York, rezando por meus colegas. Nosso prédio desabou”. Antiga colega de redação no Rio, foi para os Estados Unidos em 1973, onde casou com Paulo Francis, seu namorado na juventude.Os dois sempre moraram a uma quadra da sede da ONU, frequentado por Sonia como correspondente de jornais do Brasil. Algum tempo depois da morte do marido, ela decidiu servir em missões que exigiam sacrifício pessoal. Outro brasileiro, Manoel de Almeida e Silva, foi porta-voz muito tempo do secretário geral Kofi Annan e depois serviu mais de três anos na também caótica missão do Afeganistão.O departamento de operações de manutenção da paz (peacekeeping) é um dos mais ativos da ONU. O jornalista James Traub, especialista em política externa que escreve para o New York Times, sabia bem como atuava com Annabi e Da Costa. Em artigo para o website Daily Beast, observou: “Num filme, George Clooney poderia interpretar Sérgio Vieira de Mello. Mas não Annabi, tunisino seco, às vezes obscuro e cético mas nunca cínico. Seria um papel mais para o Peter Sellers de Being There”.Traub uma vez ouviu o relato de Annabi sobre encontro com delegação dos EUA após o Conselho de Segurança decidir em 2000 despachar soldados contra os assassinos psicopatas que tentavam depor o governo de Sierra Leone. “O que o senhor fará naquela confusão?”, perguntou alguém. E Annadi: “Vocês vieram me dizer como consertar aquilo com tropas que não estão me dando ou vão me ajudar a encontrar um meio de resolver a coisa? Se for o primeiro caso, a reunião será curta”.Aquela maldição de Pat RobertsonA visita da secretária de Estado Hillary Clinton ao Haiti neste fim de semana busca dar ênfase ao empenho do presidente Barack Obama, que tem falado ao país diariamente sobre a tragédia e chamou Bill Clinton e George W. Bush para um esforço extra. Mas nos EUA é notória e chega a ser constrangedora a insensibilidade de personalidades, políticos e profissionais da mídia em relação ao Haiti. Quatro nomes destacaram-se negativamente nos últimos dias.O primeiro foi o conspícuo tele-evangelista Pat Robertson. Criador da notória Coalizão Cristã, esse reverendo fundamentalista disputou em 1988 as primárias do Partido Republicano como candidato à Casa Branca. Não emplacou. Mas como ex-dono de um canal de cabo o pastor Robertson continua influente no partido graças a seu programa de TV Clube dos 700, financiado por milionários republicanos.Apesar de se julgar teólogo, filósofo e sábio, Robertson é capaz de asneiras monumentais. No último dia 13 declarou que a causa da pobreza e das tragédias do Haiti é um pacto com o diabo feito há dois séculos pelos escravos negros: em troca da vitória deles na rebelião de 1804 contra a escravidão e o controle dos colonos franceses, segundo a versão, passaram a servir ao senhor das trevas – e por isso foram amaldiçoados.Tal idiotice virou tema de debates em talk shows das redes de TV a cabo dos EUA. No passado o mesmo Robertson vendeu milhares de fitas VHS acusando o casal Clinton de homicídio, conclamou ao assassinato de Hugo Chávez, chamou o profeta Maomé de terrorista, ganhou mina de ouro do ditador liberiano Charles Taylor (hoje acusado de crimes de guerra) e disse que o 11/9 foi castigo divino por causa das feministas, dos gays e do aborto.Os ‘iluminados’ e uma velha receitaHá mais “iluminados”, além de Robertson, determinados a sabotar na mídia a campanha em favor de doações às vítimas do Haiti. Rush Limbaugh, extremista de direita e rei dos talk shows de rádio, conclamou as pessoas a negarem doações. “Já doamos antes. (…) Chega de jogar dinheiro fora”. E dois conservadores – Bill O’Reilly, da Fox News, e David Brooks, do New York Times – apresentaram suas próprias receitas mágicas.A receita de O’Reilly é risível, digna do mau jornalismo do império Murdoch. Para ele, a cura dos problemas econômicos e sociais do Haiti consiste em impor disciplina aos haitianos. “Metade da população é analfabeta, o desemprego é 50%, as pessoas vivem com menos de US$2 por dia. Nenhuma caridade será suficiente e boas intenções não resolvem. O Haiti continuará caótico até se impor disciplina a eles”.Já a receita “civilizada” de Brooks é contra a “cultura resistente ao progresso”. Ele explicou: “É hora de promover ali o ‘paternalismo dirigido’. Tentamos primeiro o combate à pobreza espalhando dinheiro, tal como fizemos em outros países. Depois, os esforços microcomunitários, como também fizemos em outras partes. Mas os programas que realmente funcionam envolvem paternalismo intrusivo”.Ao expor esses dados o crítico de mídia Steve Rendall apelou para um grupo de direitos humanos, que ofereceu esta conclusão: “a receita do ‘paternalismo intrusivo’ para ‘consertar a cultura’ foi a política dos EUA no Haiti nos últimos 100 anos: ocupação militar brutal (1915-34); apoio à ditadura (1957-86); e, recentemente, a imposição de políticas comerciais que empobreceram ainda mais o povo. É preciso consertar não a cultura haitiana mas as políticas dos que só ajudam a si próprios. Elas é que deixaram milhares de haitianos literalmente enterrados vivos”.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Ipea: Brasil pode erradicar pobreza extrema em 2016

Se o Brasil mantiver o mesmo ritmo de diminuição da pobreza extrema e da desigualdade de renda observados nos últimos cinco anos (2003 a 2008) poderá obter indicadores sociais próximos aos de países desenvolvidos em 2016. Da mesma forma, poderá alcançar uma taxa de pobreza absoluta de 4%. Os dados, divulgados nesta terça, constam de documento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. São considerados pobres extremos aqueles que recebem até 25% de um salário mínimo por mês, enquanto os pobres absolutos dispõem mensalmente de até 50% de um salário mínimo."Se projetados os melhores desempenhos brasileiros alcançados recentemente em termos de diminuição da pobreza e da desigualdade (período 2003-2008) para o ano de 2016, o resultado seria um quadro social muito positivo. O Brasil pode praticamente superar o problema da pobreza extrema, assim como alcançar uma taxa nacional de pobreza absoluta de apenas 4%, o que significa quase a sua erradicação", diz o texto do documento. O documento do Ipea revela a tendência de o país ter em 2016, seguido o ritmo dos últimos cinco anos, a desigualdade da renda do trabalho em 0,488 do índice Gini - coeficiente que varia de 0 a 1, segundo o qual quanto mais próximo do zero, menor é a desigualdade de renda num país e quanto mais próximo de 1, maior a concentração de renda. Em 1960, ano da primeira pesquisa sobre desigualdade no Brasil, verificou-se índice Gini de 0,499 no país. Em 2005, o índice Gini nos EUA era de 0,46; na Itália, 0,33; e na Dinamarca, 0,24. Segundo o documento, a maior parte dos avanços atualmente alcançados pelo Brasil no enfrentamento da pobreza e da desigualdade está direta ou indiretamente associada à estruturação das políticas públicas de intervenção social do estado, motivadas pela Constituição de 1988. O Ipea aponta ainda outros três fatores decisivos no combate a pobreza e desigualdade: a elevação do gasto social no país, que cresceu de 19% do Produto Interno Bruto (PIB) em 1990 para 21,9% do PIB em 2005; a descentralização da política social, com o aumento do papel do município na implementação das políticas sociais, instância que saltou 53,8% em participação nos gastos sociais no período de 1980 a 2008; e a participação social na formatação e gestão das políticas sociais. De acordo com o instituto, a consolidação institucional do quadro geral das leis sociais no Brasil seria um passo importante para a manutenção, nos próximos anos, do enfrentamento da pobreza e da desigualdade no país. "O estabelecimento de uma nova lei que regule a responsabilidade e o compromisso social, com metas, recursos, cronogramas e coordenação, se mostra importante para que o Brasil possa chegar a alcançar indicadores sociais observados atualmente nos países desenvolvidos. Tudo isso, é claro, sem retrocessos em termos de maior participação da sociedade na formatação, monitoramento e controle das políticas públicas", diz o documento. O estudo, intitulado "Retratos dos Brasileiros em Quatro Décadas: a Pobreza e o Seu Perfil", foi apresentado pelo presidente do Ipea, Márcio Pochmann, na sede da Caixa Econômica Federal, em São Paulo.
A informação é da Agência Brasil.