sexta-feira, 13 de março de 2009

Fidel: Nenhuma esperança para o terceiro mundo virá dos EUA
O líder da Revolução cubana, Fidel Castro, afirmou que "nenhuma esperança para os países de terceiro mundo pode vir de Nova York e Washington". Em mais um artigo, em que completa o raciocínio feito no texto anterior, Fidel cita matérias de agências de notícias internacionais sobre o impacto da atual crise econômica.
Leia abaixo o artigo na íntegra:Reflexões do companheiro FidelMais notícias sobre as angústias do capitalismoLia hoje as notícias de 11 de março. Continuavam chovendo informações sobre a crise econômica internacional.Esta vezfalou o prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, conhecido economista, muito citado pela imprensa e os meios acadêmicos. A agência de notícia francesa AFP fala de sua declaração ontem na cidade de São Paulo, Brasil."O pacote americano de resgate econômico do presidente Barack Obama, de mais de 700.000 milhões de dólares é ' muito ,elhor que a resposta de Bush, em 2008' porém, não é suficiente e a crise será pior'"Devemos vera as coisas em perspectiva. (O presidente George W.) Bush estava paralisado e as coisas pioravam sem que fizesse nada."Lembrou que muitos países emergentes se converteram em vítimas inocentes da crise. A ironia é que, enquanto o governo estadunidense dava aulas sobre regras e instituições nos países emergentes, suas políticas eram um fracasso total'."'Por isso, a crise é hoje seve em todo o mundo e países como o Brasil vão sofrer de verdade', assinalou Stilglitz ao jornal, que o consultou sobre a queda de 3,6% da economia brasileira, no quarto trimestre do ano passado, a mais forte desde 1996, e divulgada terça-feira."Alertou, também, não obstante o fato de 'haver um acordo global de não recorrer ao protecionismo', muitos pacotes de auxílio tem medidas protecionistas na sua base e quam mais sofrerá serão os países em desenvolvimento"A agência Reuters informa que "Severstal, a maior siderúrgica da Rússia, anunciou quarta-feira que planeja fechar entre 9 mil e 9,5 mil postos de trabalho nas siderúrgicas de seu país, em resposta à débil demanda mundial, e que também faria demissões em suas minas de carvão e minério de ferro."As siderúrgicas russas se uniram a seus concorrentes de outros países em cortar sua produção durante o quarto trimestre, ainda que até agora tenha evitado as demissões massivas, devido à natureza politicamente sensível de tal medida."'Também se planejam reduções adicionais de empregos em seus depósitos de carvão e minerais de ferro, na Rússia´, disse Mordashov."Secertal diminuiu sua produção em várias plantas da Rússia, Itália e Estados Unidos durante os últimos meses, devido à baixa na demanda. Em fevereiro, anunciou que a procução de aço cru no quato trimestre caiu 48% em relação ao período anterior.Essa mesma agência, em uma notícia procedente de Dar es Salaam, publica que: "'A China pode guiar o mundo para fora da crise econômica, graças a suas saudáveis reservas internacionais, seu grande superávit comercial e suas massivas intervenções ao redor do mundo', disse um assessor do secrério geral das Nações Unidas."Até agora, a China tem suportado a turbulência econômica melhor que Europa e Estados Unidos, ainda que a queda dessas duas últimas economias tenha prejudicado muito o seu setor exportador, provoicando fechamento de fábricas e perda de empregos."'Espero que a China possa guiar o mundo para fora dessa crise primeiro', disse Jeffrey Sachs, assessor do secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, em entrevista à Reuters, na tarde de terça-feira."A China, a terceira economia munbdia, usualmente maneja um superávit de conta corrente, com vastas exportações e importações relativamente limitadas."O país possui cerca de dois bilhões de dólares em reservas de divisas. Seu atual superávit de conta corrente alcançou 440.000 milhões de dólares, até o final de 2008, 20% sobre o ano anterior, segundo estatísticas oficiais. Nenhuma esperança para os países de terceiro mundo vem de Nova York ou Washington.
Fidel Castro Ruz.
12 de Março de 2009

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Esquerda Palestina repudia agressão sionista

As forças da Esquerda Palestina nos territórios ocupados pelo exército de Israel divulgaram uma declaração política na qual condenam a "criminosa agressão sionista" ao povo palestino.

''É tempo de sangue e sacrifício'', diz o documento, que conclama o povo palestino a resistir aos ataques criminosos israelenses. Leia abaixo o texto:
Declaração conjunta da Esquerda PalestinaNesta quinta feira, dia 1º de janeiro de 2009, a direção da Frente de Esquerda, da qual participam a Frente Democrática para Libertação da Palestina, a Frente Popular para Libertação da Palestina e o Partido do Povo Palestino, se reuniu para analisar o modo de enfrentar e resistir à criminosa agressão sionista contra o nosso povo e declarou o seguinte:Continua o brutal ataque contra nosso povo; aumenta o número de mártires entre as crianças, mulheres e idosos; se multiplica, indiscriminadamente, a destruição das casas dos palestinos.Mas, por nossa vez, a resistência palestina representada pela unidade popular, com participação de todas as organizações e braços armados continua atuando e lutando! Saudamos nosso povo e saudamos nossos aguerridos lutadores!Hoje o povo palestino escreve uma página de glória que demanda lealdade e responsabilidade ante estes sacrifícios, assim como responder à urgente necessidade de consolidar a Resistência e unir suas fileiras para poder enfrentar o agressor.Reiteramos, uma vez mais, nossos chamamentos para solucionar a divisão interna e convocamos ao diálogo nacional para recuperar a unidade. No dia de ontem, recebemos dos irmãos Mahmoud Abbas, presidente palestino, e Ismail Haniyeh, respostas positivas neste sentido. Acolhemos com alegria a aceitação e disposição de ambas as partes ao diálogo e a reconciliação e de prevalecer as contradições com o inimigo sionista.É tempo de sangue e sacrifício; não é suficiente repetir palavras; estes tempos exigem fatos concretos, um movimento urgente e passos precisos e sérios que conduzam ao imediato e desejado diálogo.Aos filhos de nosso querido povo:Ainda que hoje estejam marcando o mais valioso exemplo de resistência e sacrifício, convocamos todos a:1 - Levar a cabo a coordenação local através de um posto de mando unido entre os diferentes braços armados, sem exceção, para que se logre organizar a resistência de forma unida frente ao agressor.2 - Criar comitês populares nos acampamentos e bairros, nas cidades e aldeias. Que sejam incluídas nessas fileiras todas as forças políticas, organizações da sociedade civil e personalidades nacionais que desejem colaborar para que estas estruturas sejam as que organizem todas as formas de solidariedade e socorro para os necessitados.3 - Ditos comitês terão a tarefa de coordenar e manter a comunicação com a UNRWA ( Agência da ONU para os refugiados palestinos) e as sedes municipais e outras instituições oficiais com o objetivo de unir o trabalho e garantir um alto nível de solidariedade e apoio que se faz necessário.Saudamos o nosso querido povo!Glória aos nossos mártires!Vitoria para a Resistência!
Partido do Povo Palestino
Frente Popular para a Libertação da Palestina
Frente Democrática para a Libertação da Palestina

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Crise mudará regras do jogo capitalista, apontam intelectuais

Em tempos de crise global, podemos vislumbrar a história do mundo se transformar diante dos nossos olhos. Podemos assistir – e quem sabe interferir – num novo jogo, ou pelo menos com novas regras para se jogar. O capitalismo jamais será o mesmo após esta grande crise. Foi esta a idéia que pairou nas conclusões do debate de ontem, dia 18, ocorrido na Associação Campineira de Imprensa.

Barroso, Mazzucchelli e Figueiredo debatem crise.

O evento, intitulado Causas e efeitos da atual crise do sistema capitalista, contou com a presença do professor livre-docente da Unicamp, Frederico Mazzucchelli, e pelo dirigente nacional do PCdoB e diretor da Fundação Maurício Grabois, Sérgio Barroso. A iniciativa partiu da Secretaria de Formação do PCdoB de Campinas, representada pelo professor José Ricardo Figueiredo.

Mazzucchelli, autor de “A contradição em processo: o capitalismo e suas crises” (Unicamp, 2004, 2ª edição), apontou as semelhanças da atual crise que afeta os mercados de todo o mundo – e provoca manchetes pessimistas nos principais jornais do planeta –, com a ocorrida entre 1929-33, quando o mundo foi afetado pela “Grande Depressão” norte-americana. Seu nascedouro foi uma bolha imobiliária no estado norte-americano da Flórida, entre 1926-27, somado à retração econômica na Alemanha, em 1928 do século passado.

Nos anos 20, lembra o professor, os EUA viviam um momento de crescimento vertiginoso, superprodução sem demanda, redução de impostos e créditos descontrolados, especulação financeira, ambiente em que “o mercado ditava todas as regras”. Era o tempo do jazz e dos carros rápidos, em que o presidente Herbert Hoover acreditava piamente que “a miséria iria acabar nos Estados Unidos”. Mas, em 1929, a crise chega, os investidores buscam dinheiro e especulam, desfazem-se de ativos e a renda agrícola cai pela metade. A seguir, os preços dos imóveis e ações despencam tão rápidos como alguns corpos dos investidores, desesperados, do alto dos prédios de Wall Street. Mesmo com o país na lona, Hoover não abandona a crença de que não cabe ao Estado intervir na economia.


Duas saídas - De acordo com os palestrantes, há, em crises deste tipo saídas pela esquerda e pela direita. A crise de 1929 possibilitou que um então obscuro partido nacionalista da Alemanha chegasse ao poder, com Adolf Hittler. O homem que foi responsável pela morte de milhões de pessoas dos países que invadiu, tomou atitudes econômicas visando montar sua gigantesca máquina de guerra. Investiu pesadamente o dinheiro do Estado em infra-estrutura, que gerou crescimento econômico e empregos. Por outro lado, fechou sindicatos assim que tomou posse, em janeiro de 1933. Os alemães precisavam de emprego e não de salário - dizia o ditador nazista.


Já Franklin Delano Roosevelt, eleito presidente dos EUA em março 1933, tenta, no início, manter a receita de corte de gastos públicos, mas muda de idéia e segue o ideário do New Deal. Intervém nos bancos, protege o sistema bancário da especulação - legislação que duraria até os anos 80 -, realiza programa que gera cerca de três milhões de empregos, investe na agricultura, estimula a sindicalização, cria a seguridade social e o salário mínimo. As iniciativas amenizam a crise, mas é a Segunda Guerra Mundial que reergue a economia americana.

Ainda segundo Mazzuchelli, a União Soviética se fortalece com a vitória sobre o nazismo. Os EUA vêem ameaçados seus planos de expansão de influência política e comércio exterior. Nascia das estranhas da Grande Guerra a Guerra Fria, “assim como o nazismo nasceu na depressão”. Nos anos 1970, o que sobrara do New Deal, em termos de regulação da economia, foi extinto e voltou com força idéia de um mercado auto-regulador. Com o neoliberalismo, o mundo passou a viver novas crises.

Capitalismo obsoleto - Sérgio Barroso afirmou que este capitalismo está superado do ponto de vista histórico. “É um sistema obsoleto, não tem nenhuma condição de oferecer sequer vida digna à imensa e esmagadora maioria dos povos do mundo”, afirmou. “É um regime de superexploração dos trabalhadores e toda vez que entra em crise a descarrega sobre os nossos ombros”, atacou. As diversas crises financeiras que se sucedem, após um grande crash em Wall Street em 1987, recorrentemente, ao lado do processo de “financeirização” da riqueza do capitalismo contemporâneo, são fenômenos inerentes a essa dinâmica do capitalismo, ao mesmo tempo real e perversa, disse Barroso. “E é sim, o momento de contrastá-lo com a defesa da sociedade socialista, superior” .

Para Mazzucchelli há indiscutivelmente uma vontade, em todo o mundo, de dar um basta na farra dos financistas. “Acabou o carnaval dos especuladores”, afirma. Atualmente, “passou a ser difícil encontrar um liberal que não esteja envergonhado”. O Estado voltou a intervir na economia, sem que isso cause escândalo. “Outro dia, um ex-presidente do nosso Banco Central, disse em alto som: ‘Keynes é nosso!”. É que – afirma o professor da Unicamp – “desta vez o Estado interviu muito mais rápido do que na crise de 1929. Foi chamado a resolver a crise atual do capitalismo”.

Mas este será apenas um recuo estratégico do neoliberalismo? O dinheiro do povo defendendo o interesse dos barões, para depois voltar tudo o que era antes? De acordo com os palestrantes haverá aumento do desemprego, há recessão nos EUA, na Europa e no Japão, que deve se alastrar; quadro esse que, até o momento, não dá sinais de, necessariamente, entrarmos numa fase de depressão global.

Mas o que história já ensinou demonstra que, em momentos de crise, bem ao contrário do que prega a direita brasileira, é necessário aumentar os gastos públicos na infra-estrutura, gerando empregos. “O Estado deve investir para manter o circuito de crédito, gasto e renda” – destacou Barroso -, para movimentar a economia. Pode-se até socorrer setores, mas com garantias e regulação estatal para evitar os aproveitadores de plantão, e garantir o emprego dos trabalhadores, disse Mazzucchelli. Segundo Barroso, “quem ouvir essa conversa fiada de cortar gastos, pode acusar quem quer que seja de ser contra o país, de defender a recessão profunda aqui e jogar os trabalhadores novamente no desespero”.

No fecho do debate – que teve a colaboração destacada de Fernando Pupo, Secretário de Habitação do município e dirigente estadual do PCdoB –, a idéia de que a história mostra que há saídas das crises que podem levar a soluções temporárias e outras mais conseqüentes. Apesar de soluções serem tomadas em âmbito globais, cada país deve ter a criatividade de resolver problemas internos da melhor maneira. No Brasil, o consenso é que é hora das forças progressistas se unirem em torno de um projeto que impeça que o nosso País volte a ser vítima de crises que adiam nossas esperanças de independência, soberania e desenvolvimento.


Da redação, com Gil Caria, de Campinas

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Piso: professores protestam contra Adin de governadores

Sindicatos ligados à área da educação e parlamentares protestaram nesta quinta-feira (30) contra o ingresso, ontem, no Supremo Tribunal Federal (STF) de uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin), assinada pelos governadores do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná, do Mato Grosso do Sul e do Ceará, contra a implementação da lei do Piso Salarial Nacional para o magistério.
“Ao ingressar no STF contra a lei a governadora Yeda Crusius (PSDB) deixa claro que o seu governo não tem nenhuma preocupação com a qualidade do ensino prestado aos gaúchos”, critica em nota o Cepers-Sindicato (Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul).

“É um retrocesso. Os professores se empenharam em uma luta histórica para conquistar um piso salarial”, agrega o deputado do Estado do Mato Grosso do Sul, Pedro Kemp (PT), que é ligado à área de educação.

A CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), em resposta a Adin dos governadores, também ingressou com uma outra ação no STF, nesta mesma quarta, para garantir a implementação do piso.

A Lei 11.738, de julho deste ano, fixou o piso salarial nacional de R$ 950,00 para os professores da rede pública. A mesma lei diminuiu o número de horas que a categoria passa dentro da sala de aula e aumentou o tempo para atividades extraclasse - como qualificação profissional, correção de provas e preparação de material.

Quem tomou a iniciativa do movimento judicial contra o piso foi a governadora tucana. Ainda na quarta Yeda se encontrou com o vice-presidente do STF, Carlos Ayres Brito para debater o assunto. Ela alega que o estado não tem como contratar mais 27 mil professores para substituir aqueles que estiverem em atividades extraclasse.

Argumento falho

“A lei manda que 33% da carga horária dos professores seja hora extra aula. Eu teria que fazer concursos, contratar de 15% a 20% a mais de professores para cumprir a lei”, reclamou Yeda ao deixar o STF.

De acordo com a secretária da Educação do RS, Mariza Abreu, o estado não tem como pagar o piso nacional, pois não são levados em conta os benefícios que os servidores já possuem. Além disso, ela disse que a elevação do salário base dos professores para R$ 950,00 exigiria uma mudança completa do orçamento do Rio Grande do Sul.

Para o deputado Kemp, “este argumento não procede, por que a própria lei esclarece que o governo federal vai ajudar os estados que não puderem pagar os valores”.

Yeda e Cid protocolaram Adin

Os outros governadores que assinam a Adin são Luiz Henrique da Silveira (PMDB), de Santa Catarina, Roberto Requião (PMDB), do Paraná, André Puccinelli (PMDB), do Mato Grosso do Sul, e Cid Gomes (PSB), do Ceará. O objetivo do movimento de Yeda é fazer com que todos os governadores assinem a Adin.

Ela e o governador do Ceará fizeram questão de protocolar a ação pessoalmente. A base da argumentação da Adin é que a lei federal, na medida em que tratou de questão da competência dos estados, constitui “atentado à autonomia constitucionalmente assegurada”. Além disso, alegam que o aumento dos investimentos – em virtude da necessidade de contratação de novos docentes – é estimado em “milhões de reais anuais”.

A lei ''impôs aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios regras desproporcionais, por implicarem despesas exageradas e sem amparo orçamentário'', diz o documento. Os governadores ainda pediram a concessão de medida liminar, antes do julgamento do mérito da ação.

Na ação, eles citam os “prejuízos” causados pela lei: ''Ora, o impacto pedagógico - com a introdução de novos docentes, muitos provavelmente não sintonizados com as diretrizes dos sistemas estaduais de ensino e certamente não com os educandos -, além do já mencionado impacto financeiro, revela aqui também a ausência de proporcionalidade da norma''.

Governo de Sergipe garante piso

Pelo menos um estado já deixou claro que não participará do movimento liderado pela governadora tucana. A partir de janeiro de 2009, o governo de Sergipe reafirmou ontem em nota que vai iniciar o pagamento do piso.

O secretário de Educação, professor José Fernandes de Lima, reafirmou que o governo está preparado para cumprir a legislação pertinente e já está fazendo um estudo do impacto do pagamento na folha de pessoal.

Segundo o secretário, o governo sergipano sempre se posicionou a favor do piso salarial dos professores e foi uma das vozes que saiu em defesa do piso na última reunião do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).

''Desde o princípio que firmamos o compromisso de pagar o piso salarial nacional dos professores. Estamos preparados para cumprir com a determinação, a partir de janeiro de 2009, como manda a Lei'', reforçou.

Veja abaixo a nota do Cepers/Sindicato:

Piso: Yeda mostra que a qualidade da educação não é prioridade do governo

Ao ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a lei que instituiu o Piso Salarial Nacional Profissional para o magistério, a governadora Yeda Crusius deixa claro que o seu governo não tem nenhuma preocupação com a qualidade do ensino prestado aos gaúchos.

Acompanhada de outros quatro governadores - Ceará, Roraima, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina - Yeda ingressou na quarta-feira 29 com o pedido de inconstitucionalidade do piso, alegando que a ''lei fere o princípio de autonomia da administração pública''.

Para o Cpers/Sindicato, é inadmissível esse questionamento, pois o valor estipulado pela lei está bem aquém do aceitável para realmente valorizar a categoria. É mais uma aprova de que o governo não tem preocupação com a educação.

O Cpers/Sindicato continuará lutando pela implantação da lei do piso em sua totalidade e preparando a Campanha Salarial que tem como eixos o reajuste salarial emergencial, a defesa dos planos de carreira, a implantação do piso nacional a e a defesa do IPE com previdência e qualidade na saúde.

João dos Santos e Silva, assessor de imprensa do Cpers/Sindicato

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Alienado

Sem saber o que acontece
o homem acorda e aparece,
porém permanece atordoado
de certa forma anestesiado
diante do caos consolidado.

Fome, miséria, doenças
exaltação e fé cega nas crenças,
preços e impostos aumentam
a carestia é visível
a insegurança e a morte proliferam
enquanto o homem permanece insensível.

O lucro é a essência
a essência da demência
de um sistema deformado
que reproduz o alienado
como fato consumado.

O sistema é perverso e maculado,
o mercado idolatrado,
o cidadão já foi trocado
e perdeu o seu valor
instaurou-se o horror.

O mundo de fascínio e de consumo
do qual poucos participam,
é o mundo da ganância,
o sistema da arrogância
que gera mendicância.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

E agora, José?

A conquista do “bis pra ser feliz” significou, na minha modesta opinião, apenas uma vitória eleitoral-fisiológica e não uma vitória político-ideológica. O que estava em jogo não era um projeto político para Caxias, mas sim, a conservação da máquina pública, dos cargos ocupados pelos “aliados” e de toda a estrutura burocrático-assistencialista constituída nos últimos quatro anos.
Uma coligação composta por 14 siglas partidárias - algumas inexpressivas eleitoralmente, fisiológicas apenas – gravitando em torno de um suposto projeto de desenvolvimento para Caxias, mas que na realidade significava apenas a manutenção do poder.
A distribuição e o aumento dos cargos e a acomodação dos “apoiadores”, pode vir a gerar problemas e até mesmo dissidências. As fatias saborosas do bolo podem não satisfazer a fome de alguns partidos mais gulosos – com os olhos maiores do que a barriga – com muita fome de cargos e poder, o que exigirá uma grande destreza e habilidade política do prefeito.
Como disse o poeta, o grande poeta Carlos Drummond de Andrade:
E agora, José?
A festa acabou, a luz apagou, a noite esfriou e agora José? E agora você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta, e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio, não veio a utopia.
E tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou e agora, José?
Com a chave na mão quer abrir a porta,
não existe porta;
sozinho no escuro qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua para se encostar,
sem cavalo preto que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
O fisiologismo não é uma particularidade de um ou outro partido, mas o PMDB, no entanto, é o partido em que mais transparece essa característica por buscar, de qualquer forma, a manutenção do poder, independente de quem esteja no poder.
Parece que não é mais possível governar sem recorrer a esta prática. As negociações visam fortalecer as coligações para os enfrentamentos, mas escancara a questão carguista e cacequista.
O fisiologismo político-partidário barato é uma demonstração comportamental amoral e antiética, que a grande maioria dos nossos políticos adotou e que se traduz em dar e receber apoio em razão do recebimento de benefícios pessoais ou do grupo que representa, em detrimento das obrigações com o eleitorado.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

EUA: de ''terra das oportunidades'' à desigualdade crescente

Os EUA já foram a terra das oportunidades. Isto faz muito tempo. No último meio século, a concentração de renda cresceu no país, agravada pelo predomínio neoliberal. Hoje, o índice de Gini, que já foi igual ao dos países da Europa, ficou próximo ao dos chamados emergentes, como o Brasil, a China ou o México

Por José Carlos Ruy
O predomínio neoliberal trouxe prejuízos e desigualdades para o povo e os trabalhadores em todos os países. Inclusive nos Estados Unidos, como mostram dados divulgados na edição de junho do Le Monde Diplomatique por Walter Benn Michaels, professor na Universidade de Illinois, Chicago (EUA), e autor do livro The Trouble with Diversity. How we Learned to Love Identity and Ignore Inequality (Os problemas com a diversidade: como aprender a gostar da identidade e ignorar a desigualdade), de 2006, onde destaca a ênfase neoliberal nas diferenças identitárias (culturais, étnicas e até religiosas, que caracterizam o chamado multiculturalismo) e, junto com ela, a maior tolerância em relação à desigualdade e à disparidade de riqueza e renda.

Ele chama a atenção para o retrocesso que a igualdade sofreu nos EUA nos últimos 60 anos. Em 1947, quando as leis segregacionistas (chamadas Jim Crow, e que separavam radicalmente negros e brancos) estavam no auge no sul do país, o índice de Gini era de 0,376; sessenta anos depois, em 2006, a desigualdade piorou, e o índice chegou a 0,464. O índice de Gini é uma medida de concentração: próximo de zero significa uma distribuição mais igualitária; quanto maior, isto é, mais distante de zero, a concentração é maior. ''É um aumento significativo'', diz Michaels.Em 1947, os EUA estavam em patamar semelhante (embora um pouco mais desigual) que os países da Europa Ocidental; em 2006, ombreava com países emergentes como o México e a China.

Só para comparar: hoje, na França, o índice é de 0,383; na Alemanha, 0,283; na Suécia, 0,250. Na China, em 2004, era de 0,470 (igual ao dos EUA em 2006); no México, no mesmo ano, era de 0,510. No Brasil, quando a marca chegou a 0,503, o fato foi comemorado como uma melhoria histórica na distribuição de renda.

Vista a questão por outro lado, nos EUA, em 1947, os 20% mais ricos da população dos EUA ficavam com 43% da renda anual; em 2006, sua fatia aumentou, e passaram a ficar com 50,5% da renda. Em 2006, após anos de lutas (muitas vezes vitoriosas) contra o racismo, o sexismo e o heterosexismo, diz ele, os ricos ficaram mais ricos.

Lá, apenas 7% das famílias tem renda anual superior a 150.000 dólares; 18% recebem mais de 100.000 ano ano, e o grosso das famílias (mais de 50% do total) ganha menos de 50.000 dólares por ano - cerca de 4.160 por mês (em torno de 8.300 reais), um salário apertado para as condições estadunidenses (*).

No último meio século, a economia dos EUA cresceu muito e a melhoria geral ocultou a desigualdade crescente que, na crise, volta a aparecer com muita clareza. E amplifica o escândalo das indenizações e demais benefícios pagos aos executivos de Wall Street, autores da atual crise. A disparidade foi registrado inclusive em um editorial recente do The New York Times: há três décadas, o salário de um CEO (isto é, dos grandes executivos) era 30 a 40 vezes maior que o de um trabalhador médio. Agora, chega a ser 344 maior! Isto é, um chefão ganha em um dia de especulação quase o que um trabalhador ganha num ano de trabalho! Dá para entender a resistência dos estadunidenses comuns contra a salvação dos banqueiros com dinheiro do governo!

(*) São dados do censo americano, podem ser consultados no endereço eletrônico http://factfinder.census.gov/servlet/STTable?_bm=y&-geo_id=01000US&-qr_n... G00_S1901&-ds_name=ACS_2006_EST_G00_